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Remdesivir: droga aprovada no Brasil e contraindicada pela OMS

O fármaco, já aprovado em mais de 50 países, teve seu uso contraindicado pela Organização Mundial da Saúde em novembro de 2020


Um ano e um dia após o início da pandemia de covid-19, o Brasil aprovou o primeiro medicamento específico contra a doença: o remdesivir (também grafado como rendesivir), desenvolvido pela farmacêutica americana Gilead Sciences.


"O registro do medicamento é fruto da eficácia, da segurança e da qualidade apresentadas. Seu uso será restrito aos hospitais, para que os pacientes sejam adequadamente monitorados", explicou Gustavo Mendes, gerente geral de Medicamentos e Produtos Biológicos da Anvisa.


O fármaco, já aprovado em mais de 50 países (incluindo Estados Unidos, Canadá, Japão e toda a União Europeia), teve seu uso contraindicado pela Organização Mundial da Saúde em novembro de 2020.


"O remdesivir não vai ajudar no controle ou mudar o curso da pandemia. É uma medicação que pode diminuir um pouco a chance de o paciente grave precisar do respirador, mas nos estudos ela não alterou a mortalidade e tem um custo elevadíssimo", pontua a infectologista Raquel Stucchi, da Universidade Estadual de Campinas.

Mas como funciona esse tratamento? E em que casos de covid-19 ele será administrado?


Um freio no estrago viral


A droga desenvolvida pela Gilead Sciences pertence à classe dos antivirais, que têm o objetivo de diminuir ou interromper a replicação dos vírus dentro do nosso corpo.


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"O papel exato que ela faz frente à covid-19 permanece incerto", observa o infectologista Leonardo Weissmann, do Instituto Emílio Ribas, em São Paulo.


No início da infecção, o coronavírus invade as células localizadas na boca, no nariz e nos olhos.


A partir daí, ele aproveita o maquinário celular para criar novas cópias de si mesmo, que perpetuam esse processo ao se apoderarem de novas células.


Esse ataque avança por várias partes do organismo e alcança órgãos como os pulmões e os intestinos.


Para completar a bagunça, ocorre uma reação inflamatória, que pode lesar outros sistemas e tecidos vitais do corpo.


A consequência dessa agressão toda são os sintomas típicos da covid-19, como febre, dor muscular, tosse e falta de ar.


Na maioria dos casos, o sistema imunológico consegue controlar a situação após alguns dias.


Mas muitos pacientes evoluem mal. Eles precisam ficar internados e recebem doses de oxigênio e outros cuidados para sobreviver.


Uma parcela deles, infelizmente, não resiste aos danos e acaba morrendo.


O remdesivir atuaria em alguma dessas etapas do processo infeccioso, freando a replicação do vírus no organismo humano.


O que a ciência diz?

O remdesivir foi testado num estudo patrocinado pelo Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos que envolveu 1.048 voluntários hospitalizados com covid-19.


Entre fevereiro e maio do ano passado, 532 participantes da pesquisa receberam doses do medicamento durante 10 dias.


Os outros 516 tomaram placebo, que é uma substância sem nenhum efeito terapêutico.


Ao observarem como os dois grupos se saíram, os cientistas notaram que aqueles que foram tratados se recuperaram após 10 dias, em média.


Já na turma do placebo, esse tempo se prolongou para 15 dias.

Esses dados foram publicados no dia 5 de novembro no periódico científico The New England Journal of Medicine.


Duas semanas depois, a OMS divulgou uma atualização em suas diretrizes contraindicando o uso do remdesivir por não considerar que ainda havia uma comprovação científica robusta.


"As evidências sugerem uma falta de benefícios em mortalidade, necessidade de ventilação mecânica, tempo de melhora clínica e outros desfechos importantes", anunciou a entidade.

Para Stucchi, a decisão da OMS tem a ver com os efeitos discretos e o valor elevado do tratamento. "Em termos de custo-benefício, o remdesivir não se mostrou efetivo ainda", avalia a médica.


Fotos: Getty Images


fonte: MSN

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